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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Morro 5 Da Serra Da Bocaina


Conquanto figure no 5º lugar em altitude, o mais remoto morro da Bocaina, além de não dever nada em beleza para os demais, corresponde a um terço do comprimento desta serra, lembrando à certa distância uma chapada ou mesmo uma linguiça, se visto no mapa. A estrada que lhe dá acesso não é a mesma dos outros, e sim uma verdadeira “trilha de jipe” que deveria ligar o bairro Ouro Fino de Tunas ao Passa Vinte de Bocaiuva, sendo sazonalmente estragada pelos caminhões que transportam toras. 4 meses depois de conhecer o primeiro cume na Bocaina foi que felizmente conseguimos concluir o propósito de chegar ao último, e este foi o mais trabalhoso.


Diferente ao acesso de outros morros, ali se pode percorrer longa distância sem sequer ouvir sons de gente ou de outros veículos. Só à pouca distância, sem nenhuma colina na frente, é que pudemos ter o panorama do lugar onde desejávamos estar dentro de poucas horas; ali então mais variado em contornos e não apenas um "retão". O início da caminhada é bem no "bico" da serra, adiante da curva mais aguda da estrada. Em frente ao local onde deixamos o carro, corria a água de alguma nascente próxima, e havia sido colocada uma madeirinha em certo ponto para que fluísse como uma bica.

Deste ponto e do falso cume do Morro Da Bocaina (dir.) é que melhor se compreende as formas do Morro 5

Tínhamos a ponta do morro bem à nossa direita; ali a estrada já cortava um pouco seu barranco, e talvez por isso seria abrupta demais para que escolhêssemos uma subida direta. Perto de uma nascente na estrada - Início do percurso para o Morro 5 da Serra Da Bocaina Pouco antes dessa curva mais fechada existia uma entradinha que em vez de subir, parecia seguir paralelamente ao morro, a qual na verdade já sabíamos que se desviaria dele cada vez mais. Assim mesmo o início dela era o ponto correto do caminho, porque nossa única necessidade foi passar ao largo do barranco mais íngreme, antes de começar a subir. Vimos que pouco adiante já estava melhor, e adentramos o mato à esquerda, tendo ali bastante facilidade.


O capim alto intercalava alguns pinus perdidos, e com o calor aumentando surgiu uma das maiores dificuldades daquele dia, as mutucas. Como mencionamos sobre essa estranha espécie no artigo do Morro 4, apesar de elas conseguirem picar através da roupa (igual fazem as da Serra Do Mar), precisam que a vítima esteja parada; pois do contrário rondam insistentemente sem nada conseguir. Na vez anterior isso não chegou a ser um problema, porque onde elas mais existiam, nós não tínhamos porque parar; visto que o calor era leve e exigência física, moderada. Porém no trecho exploratório do Morro 5, a situação rapidamente tornou-se uma sinuca, onde a mata que abríamos era bem mais longa que o previsto, e o mormaço fustigava à medida que se aproximava o meio dia.


Atingimos o início da crista, e por ela seguimos tornando à direita, sem vestígios de trilha e nem esperança de alcançar tão cedo o descampado que imaginamos. Vencendo a capoeira mais emaranhada na contínua subida, e enroscando em tudo quanto era raiz e galho, notamos que as mutucas se juntavam num enxame. Alternávamos o avanço eu e meu amigo, um estapeando as pernas do que estivesse à frente; e quando eu tinha que parar para ver nossa posição no aplicativo, dava a ele o galho que usava para espantá-las. Felizmente tinha ali um parceiro de fibra. Foi um sufoco, porque se marchávamos sem pausa, vinha o fogo da exaustão; e se parávamos, vinha a luta contra elas.


A perspectiva melhora depois do trecho em que a crista mais se estreita, inclusive com vestígios de trilha; e finalmente chegam os campos de altitude perto do falso cume, então com bem menos insetos. Já se descobre desde ali a paisagem dos Capivaris até o Ibitiraquire. Apesar do abafamento entre as moitas, por breves mas numerosas pausas me atirava sem pudor ao descanso na relva, porque quase no topo só sentia as forças diminuindo. Como uma ironia qualquer, o menos alto dos "5 Bocainas" revelara-se o mais árduo.
As vistas entre o cume principal e o falso, ou vice versa, e aquelas que tínhamos para o morro 1 (Morro Da Bocaina) eram deliciosas. A chácara menos distante, com seu açude contrastando à escarpa florestada abaixo de nós; e uma certa serra no horizonte formaram a mais bonita imagem daquele dia.


Lembrando o alto do Capivari Grande, as picadas paralelas durante a volta nos causavam enganos no trecho de floresta. Errávamos por pouco, mas errávamos muito; principalmente quando entramos num rastro de trilha um pouco mais forte quase na saída, que decerto vinha daquele único sítio da região. Contudo não é a sensação dos percalços que permanece, e sim a da conquista; o que fica são as imagens todas, da ocasião em que finalmente tinha conhecido os 5 topos daquela serra que tanto aprendi a gostar.


Álbum completo no Google Fotos:

Aplicativo Soviet Military Maps  Google Earth