segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Morro 4 Da Serra Da Bocaina

Planejar e realizar uma trilha exploratória ou semi-exploratória é algo que reúne todas as sensações de um bom jogo de investigação. Em algumas, os elementos de aventura fogem do controle, sufocam e não “coadunam”; porém noutras como o Morro 4 da Bocaina, é como se em vez do acaso, houvesse uma história inteira cheia de detalhes esperando por ser praticada, tornando o percurso algo até aconchegante a despeito das dificuldades. Anteriormente o 4 nos parecia apenas uma crista do Morro 2, mas descobrimos que era um morro independente, com uma vista central daquela serra. Nossa visita aconteceu pouco mais de 1 mês depois de conquistarmos o 1 (Morro Da Bocaina). Vale lembrar que nós somente os numeramos em ordem de altitude como referência, pois exceto o mais alto, todos carecem de nomes oficiais.

Para este artigo, ainda que o visitante não use GPS, é muito importante que ao menos observe o percurso completo neste mapa: https://www.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=19423486 e tenha a descrição seguinte como um apoio.

A caminhada começa no mesmo ponto “de sempre”, em frente à chácara Serra da Bocaina – estrada Eulisses Milani. Inicialmente o percurso coincide com o trajeto para o Morro 2, ou seja, adentra o trecho particular dessa estrada e segue por 990m até uma bifurcação, onde se toma a direita. Por esta “quase estrada”, anda-se 480m até nova bifurcação à esquerda, conducente a dois casebres numa clareira, onde se pensa haver gente; porém ambos estão se arruinando.
4 visto da subida do 2

Para além deles, o caminho vira trilha e chega num bonito riacho que antecede uma cerca, sendo que depois dela parece não existir nenhuma continuação. Ali não há pinus, e sim uma floresta nativa emaranhada onde logo se percebe um labirinto de trilhas; no entanto a distância do riacho até o seguinte caminho aberto é pequena; algo como 50 a 60m. Tudo o que o passante deve fazer é escolher dentre essas picadas, aquelas que continuarem levando-o na mesma direção reta que vinha seguindo desde os casebres.

1

Irá sair numa trilha transversal larga, em que deve tomar um pouco à direita e logo entrará à esquerda por caminho mais aberto, na subida. 200m depois, estará num cruzamento de “estradinhas”, onde deve escolher a da direita. Isto é bem perto do início da crista do Morro 4; e nós acreditávamos que ao fim daquele caminho rural, a ascensão se daria bem pelo “bico” dela; porém não só era íngreme, como estava fechado demais. Entendemos que teríamos de voltar um pouco, procurando a entrada correta, ou um local mais maleável para abrir nossa própria trilha com facão, o que não foi necessário. Na ida tínhamos passado sem notar por uma entrada de trilha (a 75m do cruzamento, lado esquerdo de quem sobe), e quando a achamos, tivemos certeza que seria ali.


Totalmente sombreada, ela corre paralelamente ao morro; e por experiência já esperávamos ter que abandoná-la, à certa distância, para subir à direita e alcançar a crista dele por onde fosse mais cômodo. A questão é se teria ou não alguma outra trilha para isso. O faro foi certeiro, e logo encontramos vestígios; o que nos permitiu começar a parte teoricamente mais “exigente” do percurso. É por esse trecho que recomendamos não visitar o Morro 4 sem a companhia de alguém que ao menos tenha certo conhecimento em exploratórias, ou um bom conhecimento em trilhas normais. Até alcançar a crista e avistar o cume, a passagem entre a vegetação exige mudanças de direção bruscas, o que confunde um pouco.


Saímos da mata mais alta e começamos a bordejar a florestinha da crista, tendo seguido à esquerda, com o cume por referência. A subida, então por relva mais confortável e com vestígios mais claros, era muito gradual e fazia o topo parecer mais próximo do que realmente estava. Por observações anteriores desde o Morro 2, sabíamos que ele era “fendido”, ou seja, tratava-se de dois cumes; e em ambos encontramos marco geodésico.


Do 1º deles, a trilha desce um pouco à frente e entra à direita numa matinha fechada, até sair no cume verdadeiro (1375m). Ali se tem uma das vistas mais lindas dessa serra. O Morro da Bocaina (1) parece que pode ser tocado com as mãos de tão amplo que se mostra, assim como os topinhos recortados ao sul dele. E à direita se vê o Morro 2; com destaque para sua 3ª crista. Os vestígios de trilha eram evidentes para além do topo, sendo provavelmente uma ligação dele com um dos “vizinhos”.


Álbum completo no Google Fotos:

Tendo subido em dia quente, nos deparamos com um tipo de mutuca grande que não conhecíamos. Só não eram tão numerosas quanto as que viríamos a enfrentar no 'terrível' Morro 5, duas semanas depois. Entretanto mostraram-se muito pouco eficientes; precisando que nós ficássemos parados para pousarem e nos picarem; diferente das mutucas do litoral e Serra Do Mar. Ocorreu então que às vezes estivemos cercados por elas, sem que tomássemos uma única picada. Não sendo assim, teríamos desistido e voltado correndo para a base.

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