terça-feira, 28 de novembro de 2017

Morro Do Rio Comprido - Breve Descrição


Os 2 topos superiores da modesta serra ao sudeste de Rio Branco Do Sul, chamados Campina Dos Rosas e Morro Do Rio Comprido (ou "Pernambuco") podem ser vistos do mirante próximo à Cachoeira Do Roncador, em Colombo; porém não são visíveis entre si. Estando no primeiro deles, a única paisagem que a mata nos impedia foi a direção do outro, o qual erradamente pensávamos ser mais alto, e que no entanto tinha 3m a menos (1235m). Seu entorno é um planalto mais elevado que o do Campina; e sendo menor esse desnível, há também pequena desvantagem na vista.


Ele não é nada agudo, possui uma forma arredondada. Com acesso mais a oeste, pela Rodovia Dos Minérios, não demoramos a chegar na chácara da sua base, onde os moradores foram receptivos e nos indicaram a estradinha interna, que chega quase ao cume. Dela se vê bem a serra de Itaperuçu e outros contornos verdes no oeste.


Adentramos o capinzal à esquerda do caminho para alcançar a cerca que limita a propriedade; o topo está para além dela, num ponto que não localizamos tão rápido, porque todo o terreno ali é abaulado; coberto por pinus. Não fosse por eles, provavelmente o cenário para o lado oposto seria excelente. Há ainda outro morro acima dos 1200m nesse conjunto, porém "padece do mesmo mal". Como passeio, não deixa de ser agradável, mas o ideal é que seja feito como complemento de outras trilhas da região. Aquele dia escolhemos uma cascatinha no Rio Grande Da Laura.


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Cachoeira Do Rio Igreja


Quatro anos atrás, no afã de identificar um mínimo vestígio do traçado completo do Caminho Do Arraial em imagens de satélite, me surpreendeu como era possível distinguir mesmo de tão "longe" cachoeiras com o porte do Salto Da Fortuna, a qual foi minha primeira encontrada. Em retorno do Salto Do Sagrado (ou Das Crianças), também por curiosidade resolvi marcar a localização dele no Google Earth, quando em seguida, ao mover bem mais para dentro o mapa me deparei com um segundo risco branco. Logo vi que tinha achado mais uma cachoeira, com quase nenhuma chance de ter nome ou qualquer menção escrita.


Era um lugar ermo demais, no coração da floresta, pra lá da divisa com Guaratuba; e inicialmente pensei que morreria com a ilusão de conhecê-la. Ocorre que essa "brincadeira" de encontrar quedas d'água abriu um horizonte tão largo, que de certa forma contribuiu até para modificar o teor deste blog – cuja intenção primeira fora apenas tratar a história do Arraial, e hoje busca ser um útil sumário de trilhas raras. Numa carta topográfica do IBGE, constava aquele rio longínquo como um afluente do Igreja – por sua vez, tributário do Canavieiras – entretanto numa versão mais detalhada, refeita pela Mineropar, ficou claro que se tratava do próprio Igreja, o qual nasce ante o enorme paredão de pedra no pico de mesmo nome.


Ainda na atmosfera de ter andado um percurso inteiro dentro de um rio, como pude experimentar no impressionante Salto Canta Galo, surgiu a intuição de fazer o mesmo para chegar na inexplorada. E previ que assim seria, caso alguma vez conseguisse como parceiro alguém com carro e coragem bons o bastante para enfrentar a estradinha escabrosa que lá dava acesso. Outros projetos de trilha apareceram e se impuseram como prioridades, quais foram a Dupla (melhor cachoeira que conheci na vida), e uma outra que não gosto nem de lembrar o nome. Assim o tempo passava, e com a evolução nos conhecimentos aprendidos desde o Morro Da Pedra até a odisséia na Bocaina, vi quão preferível era andar pela floresta do que abraçando rochas rio acima por quilômetros.


Ao localizar uma chácara muito remota nas proximidades, e calculando que encurtaria nossa caminhada, tivemos então a primeira possibilidade real de alcançar o ponto do rio que nos interessava. Que nos desculpe o leitor, por mais essa vez que se rompe a forma impessoal característica das narrativas aqui, mas existe hoje um bom motivo. Esse artigo é especial não só pela raridade da conquista; mas também porque convido pela 1ª vez a minha amiga Wanele Riccetto para expor com suas próprias palavras o desenrolar do dia 14 de outubro; cujo relato a seguir será (alternadamente) diferenciado pela cor verde da escrita.

O dia 14 de Outubro de 2017 fora reservado para aquilo que eu considerava uma investida exploratória. Advindo de um aprazível convite do amigo Jean Di Santi, o qual conheci há cerca de 1 ano nas proximidades do morro Capivari Médio, localizado na carta topográfica Bairro Alto.

A ideia inicial era lotarmos o veículo do Antônio Sérgio, outro colega incumbido na aventura. Todavia, devido as condições climáticas desfavoráveis e demais casos fortuitos, outros colegas não abraçaram a causa e partimos apenas os três em direção a Morretes. No trajeto, trocamos típicas figurinhas de montanhistas, caminhantes ou trilheiros, como se queira definir. O assunto girava em torno de tudo aquilo que os pés podem alcançar e o coração almejar, como montanhas poucos frequentadas e lugares inóspitos no mapa.

O clima de “Indiana Jones” só veio à tona no momento em que pegamos a estradinha de chão em condições não muito transitáveis. Uma maratona contra buracos e pedras que poderiam danificar a parte inferior do veículo. Em dado momento, logo após atravessar o Rio Da Laje, notamos um barulho de peça batendo no chão: era o protetor de cárter da Ecosport do Antônio que havia se desprendido. A missão naquele momento, era utilizar a corda que o Jean carregava consigo, para prender a peça e prosseguir viagem.

Uma breve disputa entre homem e butuca se iniciou, onde um ajudava o outro espantando o bichinho sedento por sangue. Mas, como missão dada é missão cumprida, seguimos nossa aventura até chegar no ponto em que o Jean coletaria informações com moradores locais. Ledo engano, pois não havia uma alma viva nos casebres das redondezas.

A aventura deveria seguir então pelos prévios estudos da região e, também, pelo feeling dos envolvidos na empreitada. E assim, fomos rumo ao ponto de referência no mapa: uma velha casa desabrigada no meio do nada. A caminhada começou animada, porém com notada preocupação do Antônio devido as condições climáticas desfavoráveis. A previsão era de chuva e isso não seria muito convidativo para atravessar novamente o riacho.

Em dado momento, Antônio – o condutor na ocasião, resolveu voltar para não correr o risco de ficar ilhado com o carro. Decidimos, assim, que eu e o Jean continuaríamos na jornada, com o consentimento expresso do Antônio apostando todas suas fichas na nossa capacidade exploratória. E assim fomos, caminhando na maioria das vezes de forma silenciosa por entre a mata que nos observava de forma serena, sussurrando uma brisa em nossos ouvidos e, a cada novo passo, se estreitando em suas saliências.

Um pouco mais de 3km percorridos, chegamos finalmente em nosso ponto referencial. Resolvemos adentrar na casa abandonada e naquele exato momento, consegui sentir toda a vida que um dia habitara aquele lugar perdido no mundo. Uma pequena pausa para hidratação e fotos e, logo, a picada à esquerda nos convidava a seguir viagem num ambiente até então desconhecido dos olhos. O mato espaçado não ajudava muito na orientação, mas o Jean observava atentamente a localização em seu celular.

Ter encontrado abandonada a última casa tirou-nos já a preocupação de não ser permitida nossa entrada por eventuais moradores. O 2º risco era não existir sequer um vestígio de trilha para a cachoeira, apesar da proximidade. Mas logo ao chegar, já vi ao lado da casa, bem no ponto esperado, aquela entradinha “suspeita” que causou-nos alívio. Como é comum, à certa distancia, os indícios tornaram-se vagos demais, quase imaginários. A mata espaçada pode ser algo bom (nisso pensamos diferente) para quem está acostumado a andar fora de trilha; e considerando o pouco desnível do terreno, bastaria traçar uma linha na direção correta e andar, mesmo se apenas uma bússola nos guiasse, em vez do aplicativo.

Trabalhamos juntos para definir o melhor trajeto e evitar riscos desnecessários. Confesso que senti um certo receio, pois era a primeira vez que caminhava ao lado do Jean e não sabia o que nos aguardava. As chances de algo dar errado sempre existe e eu, definitivamente, não gostaria de virar estatística... O Jean comentava comigo de que existem onças naquela região. Eu olhava atentamente para todos os lados, com os ouvidos bem apurados e seguindo todas as instruções que ele me passava, caso avistasse o “bichinho”... Por sorte, somente os carrapatos faziam a festa com os novos visitantes!

Conseguimos navegar de forma satisfatória até ouvir o barulho da queda d'água. Sabíamos que a cachoeira estava próxima de nós, porém, existia uma certa dificuldade para encontrar a descida. Andamos um pouco adiante tentando achar a “reta final”, porém, tivemos que voltar pois não havia vestígios seguros para continuar. Uma pequena onda de negatividade pairou em minha cabeça: aquela sensação de confusão, do tempo correndo, da possibilidade de chuva, de não encontrar o caminho, enfim, a angústia da chegada obscura...

Não obstante todas essas sensações, continuei andando atenta e seguindo os conselhos que uma vez ouvi numa trilha: “Olhe sempre pra baixo, não procure fitas e marcações em árvores, mas sim o caminho”. E foi assim que, em certo momento, chamei o Jean que estava um pouco à minha frente e disse: “Olha Jean, ali parece ter uma entrada”. Ele prontamente voltou e seguimos aquela minha intuição. Os olhos já brilhavam e o coração disparava por avistar uma janela no meio da floresta. Faltava pouco, alguns passos somente, e o objetivo seria alcançado!

Lembrei da frase do Amyr Klink: “É preciso, antes de mais nada, querer”. E é assim mesmo, não existe obstáculo quando almejamos muito algo, nosso coração é nosso guia! Agradeço aos amigos Jean e Antonio, por mais uma página no livro de aventuras da minha vida!

O “enrosco” de fato era aquele final, como sempre, para achar o ponto correto de descida ao rio, que naquele caso poderia ser tanto pelas partes convexas, quanto pelas côncavas da barranca. Tentamos pela primeira, mas era íngreme demais. Quem nunca fez exploratória em rio não sabe a tensão que é tentar enxergar para baixo entre as matas, sem saber se naquele ponto pode-se ou não despencar. Não aceitaria um fracasso; sonhava com aquilo havia tempo suficiente, ademais não estava disposto a decepcionar a Wanele de forma alguma.


Ela mesma identificou o ponto melhor para descer, na parte côncava, como dito em sua narrativa; e isso foi crucial porque nos poupou bastante tempo. Vimos o primeiro “branco” da cachoeira por entre as folhas, e tenho certeza que a felicidade dela foi igual a minha. Sobre base rochosa, era uma queda d'água de médio porte, mas muito bonita, permitindo aproximação sem obstáculos para o banho. Nela só não nos estendemos mais, pelo receio da chuva, e por pensar em quem nos aguardava. Finalmente aquele risco branco perdido no mapa tinha se tornado uma realidade para nós.




quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Cachoeira Da Barragem


Distante 4km do centro de Bocaiuva Do Sul, a Usina do Roncador, que foi um dia a única fonte de eletricidade do município, encontra-se há 40 anos inativa e depredada no pouco que resta das suas antigas estruturas. A queda d'água que movimentava as turbinas pertence ao Rio Capivari, em cujo trecho na verdade ainda é chamado Roncador, tendo recebido os afluentes Antinha, Mina e Água Comprida. Na carta topográfica de escala “1:250.000”, consta o local como Rio da Mina até o encontro com o Bacaetava, de Colombo, porém em se tratando de nomes, a tradição oral tende a prevalecer.


Foi-nos mostrada por alguém da UTFPR uma elogiável ideia de revitalização e reaproveitamento do potencial energético da usina, incluindo até um pequeno laboratório para ensino sobre o assunto. O que falta é dinheiro, especialmente para compra das novas turbinas. Sendo escassas até as fontes de informação sobre as muitas histórias que aquele ambiente deve ter, resta ao visitante desfrutar o atrativo da sua cachoeira.

Para quem chega de Curitiba, logo de passar o centro, pode tanto entrar à esquerda na PR-506 (que vai para Rio Branco) e depois entrar na primeira à direita (via em mau estado); quanto pode escolher a saída seguinte da Ribeira - que é um pouco mais longa.

Deixa-se o carro a pouca distância do topo da barragem, sobre a qual se pode andar e ver a pequena parte de queda artificial acima da cascata verdadeira. Pelo lado esquerdo de quem chega, inicia uma trilha curta e lisa, mas não muito arriscada, que chega na frente do poço. Ele é largo, o caminho contorna-o, e parece haver outra trilha vinda das casas próximas.


O jorro d'água ora lembra um “x”, pela forma como se estreita, e também parece um pouco com a Cachoeira Quintilha, de Paranaguá, só que menor. Levando em conta a facilidade e a localização, vimos poucos vestígios ruins, não mais que uma ou duas latinhas jogadas no mato. Não só pelo frio foi que evitamos entrar no poço aquele dia. Há um grande orifício oculto na base da torrente, e dizem os locais que várias pessoas já morrerem nele quando abusam em nadar muito perto; de tal sorte que nem mergulhadores recuperaram os corpos. Pelo menos assim nos contaram.


Nota posterior: Para informações sobre o projeto de revitalização da usina, é favor escrever para: waltersanchez@utfpr.edu.br.

sábado, 4 de novembro de 2017

Cachoeiras Do Rio Massaroca


Quase junto à divisa de Rio Branco do Sul com Bocaiuva, na bacia do Rio Santana, nasce um afluente que corre de leste para oeste entre colinas não tão distantes do Morro Campina Dos Rosas. Ouvimos menção ao que lá existe de mais bonito enquanto conhecíamos a cascatinha de um certo rio próximo; lugar aquele onde todos disseram não haver cachoeira maior, porém tínhamos tanta esperança, que ainda me é difícil resignar. O acesso ao Massaroca passa pela estrada do Bacaetava, desde a qual um desinformado pode nem notar que já saiu de Colombo e entrou noutro município. Ali buscávamos a cachoeira que nos sugeriram, em seguida de ter visitado a do Roncador; e previmos que ambos passeios se complementariam muito bem.


Deixamos o carro e viemos procurando uma entrada de trilha, que estava a 415m do cruzamento com o rio – um bom tanto adiante de onde imaginei. Sendo uma das mais curtas já descritas aqui, esta picada é bem íngreme e lisa, mas não tivemos problema em descer. A cachoeira que encontramos não era muito alta; jorrava sobre um poço largo e não tão profundo, estando bem sombreada no fundo daquele vale. Ela sozinha já teria valido a pena.


Vimos um vestígio de trilha à sua esquerda, e ali já comecei a desconfiar. De volta à estrada, a intuição aumentou, e seguimos mais alguns metros à montante do rio procurando outra trilha que descesse. Logo notamos que o barulho d'água não vinha mais da queda anterior, e sim de um ponto acima. Achamos uma picada ainda mais declive e curta, que nos levou até a cachoeira maior, a qual apelidamos de "1".


Era mais perto chegar no seu topo do que na base, passando por uma pedra não tão confiável onde esticamos a corda (só para garantir) e chegamos no pocinho superior, defronte a outra cascatinha mais baixa. Depois descemos até a base da maior e vimos a ponta de trilha que subia da cachoeira 2, onde primeiro estivemos. A 1 é bem ampla, e o branco da sua água formava um bonito contraste com as rochas bem escuras.

 

O rio vizinho ainda estava nos planos daquele dia, mesmo que a visita  servisse como um "tira-teima" confirmando a inexistência de cachoeira; porém uma valetinha ao lado da estrada de acesso veio a nos causar uma "pequena calamidade", custando o resto da tarde até acharmos ajuda para tirar o carro de lá. No entanto não saímos reclamando, porque a satisfação desse dia foi bem maior que os transtornos.


 
Cachoeira 2 Cachoeira 1