quarta-feira, 18 de abril de 2018

Crista Norte Do Capivari Mirim


Descobrir no morro Capivari Mirim a existência de uma trilha alternativa, que confluía com o caminho principal somente 750m antes do cume, foi uma ideia que teve origem em 3 diferentes desconfianças. Tempos atrás havia reparado numa proeminente ponta rochosa, visível desde a BR-116, no ponto de ônibus do bairro Barragem, semelhante a certa extremidade que existe no Capivari Grande. Essas arestas costumam ter boas vistas, e comecei a imaginar como chegar nela por cima. Nas vezes que percorri a trilha principal, tão cheia de poeira e pedriscos, desagradável na descida, reparava ao longe a crista paralela, com a impressão de ter um aclive menos forte. A 3ª (e maior) suspeita foi noutra vez que tentei chegar à Cascata Do Ribeirão Vermelho, por um desvio alto, buscando evitar a passagem pela propriedade particular que lá existe. Utilizamos um vestígio de picada que 'continuava' para cima, além do ponto onde nos interessava descer ao rio.



A linha vermelha é a Crista. Trilha normal (2011)
Num domingo nublado qualquer, decidimos resolver essa curiosidade, partindo não do Ribeirão, mas da base da trilha convencional, onde se deixa o carro. O riachinho paralelo ao início do percurso abastece agora duas caixas d'água mais abaixo, que atendem as casas vizinhas. Nesse estreito trecho de floresta, sempre vimos bifurcações de trilhas que levam à outra parte do povoado, em que se encontra o Ribeirão vermelho. Chegando no início da crista que nos interessava, o caminho era bem mais pisado do que esperávamos, sendo apenas camuflado pelos tufos de mato. As chuvas dos dias anteriores tornaram mais barulhento o vale à nossa esquerda, cujo leito um dia conheci até a nascente. À direita víamos cada vez mais os contornos bonitos da face por onde passa a trilha normal. Inicialmente sem obstáculos, nossa subida era longa e contínua.


Perto do bico rochoso que me chamara a atenção, quase todas as pedras grandes eram desviadas pela esquerda; não havendo em nenhum ponto o risco de queda. As imagens de satélite mais antigas do morro mostram que seu caminho usual foi outrora uma estrada, no começo da subida, e talvez por isso consolidou-se como via única para os trilheiros, porque do contrário a Crista Norte é que o seria, graças a suavidade do desnível. O tempo naquele dia nos traiu, e justo no lugar mais interessante, as nuvens cobriram tudo. A trilha passa para trás das rochas, e inflete à direita buscando encontrar-se com a outra. Por bobeira começamos a subida seguinte por uma linha reta, quando o correto seria acompanhar os vestígios para contornar o "bojo", mas isso não nos roubou muito tempo.


O encontro dos caminhos é aproximadamente nos 1430m de altitude. Sob densa névoa, seria vão continuar até o cume – um dos que mais vezes já visitamos. Dali descemos pela via convencional, e esticamos o passeio até as cachoeiras do Capoeira, que meu amigo ainda não conhecia. Mas ter confirmado aquela nova rota valeu muito; creio até que nas próximas vezes no Mirim vou preferi-la sempre.