Descobrir no
morro Capivari Mirim a existência de uma trilha alternativa, que
confluía com o caminho principal somente 750m antes do cume, foi uma
ideia que teve origem em 3 diferentes desconfianças. Tempos atrás
havia reparado numa proeminente ponta rochosa, visível desde a
BR-116, no ponto de ônibus do bairro Barragem, semelhante a certa
extremidade que existe no Capivari Grande. Essas arestas costumam ter
boas vistas, e comecei a imaginar como chegar nela por cima. Nas
vezes que percorri a trilha principal, tão cheia de poeira e
pedriscos, desagradável na descida, reparava ao longe a crista
paralela, com a impressão de ter um aclive menos forte. A 3ª (e maior) suspeita foi noutra vez que tentei chegar à Cascata Do Ribeirão Vermelho, por um desvio alto, buscando evitar a passagem
pela propriedade particular que lá existe. Utilizamos um vestígio
de picada que 'continuava' para cima, além do ponto onde nos
interessava descer ao rio.
Num domingo
nublado qualquer, decidimos resolver essa curiosidade, partindo não
do Ribeirão, mas da base da trilha convencional, onde se deixa o
carro. O riachinho paralelo ao início do percurso abastece agora
duas caixas d'água mais abaixo, que atendem as casas vizinhas. Nesse
estreito trecho de floresta, sempre vimos bifurcações de trilhas
que levam à outra parte do povoado, em que se encontra o Ribeirão
vermelho. Chegando no início da crista que nos interessava, o
caminho era bem mais pisado do que esperávamos, sendo apenas
camuflado pelos tufos de mato. As chuvas dos dias anteriores tornaram
mais barulhento o vale à nossa esquerda, cujo leito um dia conheci
até a nascente. À direita víamos cada vez mais os contornos
bonitos da face por onde passa a trilha normal. Inicialmente sem
obstáculos, nossa subida era longa e contínua.
Perto do bico
rochoso que me chamara a atenção, quase todas as pedras grandes
eram desviadas pela esquerda; não havendo em nenhum ponto o risco de
queda. As imagens de satélite mais antigas do morro mostram que seu
caminho usual foi outrora uma estrada, no começo da subida, e talvez
por isso consolidou-se como via única para os trilheiros, porque do
contrário a Crista Norte é que o seria, graças a suavidade do
desnível. O tempo naquele dia nos traiu, e justo no lugar mais
interessante, as nuvens cobriram tudo. A trilha passa para trás das
rochas, e inflete à direita buscando encontrar-se com a outra. Por
bobeira começamos a subida seguinte por uma linha reta, quando o
correto seria acompanhar os vestígios para contornar o "bojo",
mas isso não nos roubou muito tempo.
O encontro dos
caminhos é aproximadamente nos 1430m de altitude. Sob densa névoa,
seria vão continuar até o cume – um dos que mais vezes já
visitamos. Dali descemos pela via convencional, e esticamos o passeio
até as cachoeiras do Capoeira, que meu amigo ainda não conhecia.
Mas ter confirmado aquela nova rota valeu muito; creio até que nas
próximas vezes no Mirim vou preferi-la sempre.
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